Cinco livros de romances que nos mudam para sempre
São vários os momentos das nossas vidas que nos levam a constatar a velocidade a que o tempo teima em passar. O ritmo do dia a dia só nos dá tréguas quando um determinado evento nos obriga a suspirar um “a vida é curta”. É nesses momentos que contabilizamos os países que não visitamos, as palavras que não dissemos e os livros que não lemos.A verdade é que em tempos tão dinâmicos como os nossos, onde a tecnologia assume um papel tão central, cada vez sobra menos disponibilidade para um momento a sós connosco.
Nestas raras ocasiões, em que temos o privilégio de “controlarmos” os ponteiros do nosso relógio, proponho-te que marques um encontro contigo, apenas na companhia de um bom livro de romance.
Depois de te sentares confortavelmente, com uma caneca de chá por perto, convido-te a espreitar pelo menos uma das cinco sugestões de romances que preparei para ti. Desde clássicos a títulos acabados de sair, são obras que nos ensinam, que nos elevam e que, de alguma forma, moldam o nosso olhar sobre a vida e, invariavelmente, mudam-nos para sempre.
Garanto-te que, qualquer que seja a tua escolha, assim que viajares por essas páginas, nunca mais voltarás a ser a mesma pessoa.
Bons romances para ler
Um livro de romance que muda a nossa forma de saborear a vida
A Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera
Quando a conversa é sobre livros de romance que mudam vidas, é impossível não me lembrar imediatamente desta obra emblemática do século XX, do escritor checo francês Milan Kundera.
Este é um daqueles raros romances que ganhou o título de obra-prima ao tornar-se intemporal e capaz de tocar diferentes gerações.
Dada a profundidade e densidade do enredo, fazer um resumo destas páginas acaba por ser um desafio injusto. O que posso garantir é que a magia deste livro está na forma simples com que o autor aborda questões filosóficas complexas sobre a existência humana. Para ler e reler, sem dúvida.
Um romance que nos ensina a importância de agradecer
O Ano do Pensamento Mágico de Joan Didion
"Sentam-se para jantar e a vida como a conhecem termina". Numa noite de Dezembro, Joan Didion, a autora deste livro de romance, e o seu marido John, juntam-se à mesa e eis quando, no silêncio que se instala, John morre de ataque cardíaco.
Ao longo destas páginas, Joan permite-nos presenciar como viveu a perda do seu companheiro de vida num relato intimista, marcado por uma sensibilidade única.
É uma história sobre a intensidade que só as grandes relações têm e reflete sobre a doença e a morte, a probabilidade e o acaso, a saudade e o amor.
Um romance que se tornou uma lição sobre a natureza humana
O Deus das Moscas de William Golding
A história como ouvi falar deste livro de romance pela primeira vez é curiosa. Ao contrário do que habitualmente acontece, não o encontrei numa prateleira à minha espera, nem me foi oferecido ou sugerido por um amigo.
Enquanto lia outro livro, o autor partilhou como a leitura desta obra o impactou. Fiquei de imediato curioso com o enredo:
Um avião despenha-se numa ilha deserta e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. À medida que o tempo avança, a sensação inicial de euforia e liberdade dos jovens começa a fraquejar, resultando em atitudes primitivas.
Partindo desta premissa para o desenrolar da narrativa, o escritor inglês, prémio Nobel da Literatura, reflete sobre as inúmeras ambiguidades do ser humano. É considerado por muitos “um livro de leitura obrigatória” e eu não podia estar mais de acordo.
Um livro que nos oferece uma nova perspetiva sobre a vida
A Breve Vida das Flores de Valérie Perrin
Confesso que tive alguma resistência para começar a ler este livro de romance, talvez por não ser, aparentemente, o género com que mais me identifico, no entanto fiquei convencido pelas críticas positivas que recebeu.
Uma das avaliações que me persuadiu foi a comparação que um leitor fez entre esta obra e a “A Sombra do Vento” (fica a dica extra!).
Este romance contém notas de humor e está extraordinariamente bem escrito. É palco de um enredo cuidadosamente estruturado e fala-nos de uma mulher que, contra tudo e contra todos, nunca deixou de acreditar na (sua) felicidade.
Um romance que mudou a minha relação com a morte
As Intermitências da Morte de José Saramago
Falar sobre livros que tocam vidas é falar, incontornavelmente, de José Saramago, o Nobel da Literatura que não deixou ninguém indiferente.
De todo o espólio do autor, este foi o título que, até ao momento, mais me marcou pela sua genialidade na abordagem ao tema da morte.
A narrativa, sempre com um travo de ironia, tem como objetivo humanizar o fim da vida.
A frase que inicia o livro “No dia seguinte ninguém morreu" é o ponto de partida para a dissertação feita, ao longo das mais de 200 páginas, sobre o sentido da nossa existência.
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24 Março, 2022